segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Mostra inédita tem 18 obras de três momentos da carreira


SERGIO LUCENA no ESPAÇO CULTURAL CITI
Pintor e desenhista nascido em João Pessoa, Sergio Lucena exibe em Cenas da Vida de um Pintor pinturas que pontuam sua carreira sem a intenção de retrospectiva. A idéia é apresentar ao publico paulistano um pouco da trajetória do artista antes de radicar-se na cidade, um périplo que se inicia na Paraíba, passando pela Chapada dos Guimarães, MT., Berlim, Washington DC. e, finalmente, São Paulo.

A mostra, com curadoria de Jacob Klintowitz, é composta por dezoito obras. Apenas duas são antigas, A Banda, guache de 1982, e o Arauto, óleo de 1995. Sete são intermediárias: três pinturas da série Deuses de 2003 a 2006 e quatro paisagens da fase de transição para o momento atual. Nove compõe a soma e a essência do percurso: as pinturas a óleo em grandes formatos, ponto alto da mostra, a série AENIGMA LUCENS, inédita pintada entre 2007 e 2009.

Cenas da Vida de um Pintor abre no Espaço CulturaL Citi da Av. Paulista em 14 de setembro e encerra no dia 30 de Outubro de 2009.

O Espaço Cultural Citi é uma galeria pública visitada mensalmente por cerca de 50 mil pessoas que trafegam entre a Avenida Paulista e a Alameda Santos. O espaço mantém a sua vocação de mostrar obras de arte no centro vital de São Paulo. Desde 2005, passaram por ali as obras de nomes consagrados, como Rubens Gerchman, Luiz Paulo Baravelli, Cláudio Tozzi, Gregório Gruber, Romero Britto, Newton Mesquita, Odetto Guersoni, Ivald Granato, Takashi Fukushima, Caciporé Torres e a ceramista Shoko Suzuki, além de jovens que se firmam como Luciana Maas e Manu Maltez, entre outros.

O Espaço Cultural Citi (Av. Paulista, 1111, térreo, fone 11.4009.3000) fica aberto para visitação de segunda a sexta-feira, das 9 às 19 horas; aos sábados, domingos e feriados, das 10 às 17 horas. Acesso a portadores de deficiência física pela Alameda Santos, 1146. A entrada é gratuita.

Para Sergio Lucena “esta mostra tem um caráter muito significativo, de duplo ineditismo. Em 25 de Fevereiro de 2003 cheguei a São Paulo, entre aquele dia e hoje construí um nome e um espaço na cena cultural da cidade, coisa impensável se por trás já não houvesse uma historia, um percurso artístico a me respaldar. Essa exposição, portanto, irá apresentar um pouco deste percurso ainda inédito para o publico da cidade e simultaneamente, apresentará minha pintura dos últimos três anos, uma serie absolutamente inédita que anuncia meu presente e aponta para o futuro. Considero esta mostra como de grande importância e entendo que não há lugar melhor para ela acontecer que no Espaço Cultural Citi”.

O viajante imóvel por Jacob Klintowitz

Esta poderia ser uma biografia, mas é só um percurso de busca: Sergio Lucena nasceu na Paraíba, morou na Chapada dos Guimarães, em Berlim e, agora, em São Paulo. Aqui se trata do sensível, do seu caminho e da intensidade do chamado. E esta mostra apresenta esta trilha através do dado real, momentos diferentes de sua pintura: sátira, animais sagrados, o eixo do mundo e paisagens metafísicas.

É possível que o pintor Sergio Lucena seja o último paisagista da longa tradição brasileira que já nos deu artistas do porte de José Pancetti e Alberto da Veiga Guignard. Mas a sua é uma paisagem que não parece localizada em algum lugar reconhecível.

Curioso percurso deste gênero: começou quando Georg Grimm abandonou o recinto fechado da Academia Imperial de Belas Artes e a sua herança de “luz francesa”, para pintar ao ar livre, nas ensolaradas praias de Niterói. E, ao que parece, chegou ao ponto de, com Lucena, situar-se numa região geográfica inexistente, numa espécie de sitio espiritual da qual a paisagem é a emanação pictórica. Um belo percurso: artificial, a cor e a luz brasileira e, ao final, o registro de uma paisagem da alma.

Talvez essa pintura sutil possa, em alguns momentos, ser identificada com a abstração geométrica. Entretanto, nem sempre isso é factível, pois, na essência, não se propõe a tratar de relações exatas. Ao contrário, ela mantém a intensidade da emoção. O que emociona nestas imagens? Sem dúvida a qualidade da pintura, mas também há uma recuperada memória, quem sabe o sentimento de algo imemorial, ou o ressurgir de uma sensação que parecia para sempre perdida.

A pintura de Sergio Lucena é a revelação de um continente individual. Não de um lugar mensurável, mas transcendente. Entretanto, este continente submerso que emerge completo e individual, é humano e, por nuclear, semelhante ao humano. É onde convergimos, o contemplador e a pintura, neste núcleo primevo. Ao pesquisar e revelar o continente oculto, este mítico continente que nunca submergiu, pois sempre esteve ali, o artista registra o nosso acervo, o que é comum a todos. E o contemplador amplia os limites de seu universo ao se reconhecer na paisagem utópica.

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